10 fevereiro 2011

A paródia representativa

Penso que será a primeira vez na vida que estou de acordo com o Jorge Lacão. Nem tenho sequer apreço pelo que foi um dos mais cínicos coveiros da regionalização.

Mas estou de acordo com a redução do número de deputados para os mínimos. Por mim, estando as coisas como estão, poderia descer muito mais. Por uma só razão com duas faces: gastava-se menos e tinha a mesma inutilidade.

A súbita preocupação pela representatividade nacional é o filme mais cómico do ano. Como se os deputados do Continente representassem fosse o que fosse, como se não fossem meros robots telecomandados pelos directórios e aparelhos centrais e centralistas do partido. A que obedecem venerandos, sob pena de saírem das listas e terem de ir trabalhar como os outros portugueses. Como as coisas estão, numa democracia de fachada, bastavam cinco enquanto houver cinco partidos.

Não é apenas uma degenerescência do regime. O próprio texto constitucional, rezando que o deputado representa todo o país sem acrescentar que tem de responder perante o seu eleitorado, permite a instalação em S. Bento de toda aquela tropa fandanga que quer saber de tudo menos do país real e dos eleitores que ingenuamente lhes confiaram o voto.

O voto legislativo tem de ser outra coisa. Um compromisso para a defesa do país, defendendo a região porque foram eleitos. Como fazem os dos Açores e da Madeira! Só aí haverá representatividade. Só aí valerá a pena haver um parlamento. É por isso que está a nascer o Partido do Norte.

(...Doutor Pedro Baptista in FOCUS)

1 comentário:

  1. O texto constitucional entende que o país é LISBOA e as ditas provincias são colónias. Por isso a listas dos deputados são ditadas nos lugares de topo pelas cupulas partidárias para garantir o YES MAN. Estou farto de ser comido pelos chavões do PATRIOTISMO e do INTERESSE NACIONAL. Por meios que não interessa agora dissecar os interesses instalados antes do 25 de ABRIL recuperaram os postos de comando deste país .
    Estamos novamente reduzidos a bonecos esteja o poder nos laranjas ou nos rosas. Está tudo novamente contaminado.

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